Publicado em 26 de setembro de 2025.
O setor de moda e têxtil é uma das forças econômicas mais relevantes do mundo. Além de impulsionar a industrialização, o comércio e o desenvolvimento, ele também exerce grande impacto ambiental. Estima-se que o setor seja responsável por entre 2% e 8% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).
Na União Europeia, por exemplo, vestuário, calçados e têxteis estão entre as categorias que mais pressionam o uso de matérias-primas e água, ficando atrás apenas de alimentação, habitação e transporte. Quando falamos de uso da terra, é a segunda categoria mais impactante e a quinta categoria com maior pressão em emissões de gases de efeito estufa.
No Brasil, apesar de a participação do setor nas emissões industriais totais ser relativamente baixa, os impactos ambientais internos são expressivos — alto consumo de energia (eletricidade e gás), uso intensivo de água e geração de efluentes, especialmente nas etapas de fiação e beneficiamento.
O papel do inventário de emissões
Diante desse cenário, o inventário de emissões de gases de feitos estufa se torna uma ferramenta fundamental. Ele é o primeiro passo para compreender os impactos climáticos, identificar riscos e oportunidades e estruturar estratégias de redução.
Até mesmo as lojas de roupas, por exemplo, podem se beneficiar ao mapear suas emissões, especialmente no que diz respeito a operações, logística e cadeia de suprimentos. Isso permite alinhar-se às melhores práticas globais de sustentabilidade.
Desafios do setor
O setor de moda e têxtil no Brasil ainda enfrenta alguns entraves importantes:
- Gestão pouco desenvolvida de emissões de carbono;
- Dificuldade em quantificar o Escopo 3 (cadeia de valor);
- Baixa capacitação técnica;
- Restrições financeiras;
- Desafios logísticos e de engajamento de fornecedores;
- Necessidade de maior transparência e consistência nas informações.
Caminhos para avançar
Apesar dos desafios, existem soluções concretas:
- Inventário de emissões como diagnóstico inicial;
- Definição de metas de redução;
- Adoção de medidas de eficiência energética e hídrica;
- Uso de matérias-primas sustentáveis;
- Transição para energias renováveis;
- Otimização logística e fortalecimento da governança.
Essas medidas reduzem impactos ambientais e ainda geram ganhos econômicos e reputacionais.
Benefícios para as empresas
Realizar um inventário de GEE traz oportunidades estratégicas para o setor:
- Atração de investimentos → empresas que gerenciam suas emissões se tornam mais atraentes para investidores, além de facilitar o acesso a subsídios e financiamentos específicos.
- Reputação e confiança → adotar práticas sustentáveis melhora a imagem da marca, fortalecendo a confiança dos consumidores e stakeholders.
- Planejamento estratégico → permite definir metas claras de redução de emissões, priorizar investimentos sustentáveis e otimizar o uso de recursos ao longo da cadeia produtiva.
- Preparação para futuras regulamentações → com leis ambientais cada vez mais rigorosas, a gestão proativa das emissões posiciona a empresa à frente da concorrência, garantindo conformidade futura.
- Engajamento da cadeia de valor → incentivar fornecedores a gerenciar suas emissões ajuda a reduzir o impacto ambiental, especialmente no Escopo 3, que é relevante na cadeia de moda.
- Transparência com clientes → consumidores estão cada vez mais atentos às práticas sustentáveis. Comunicar de forma transparente os esforços de redução de GEE fortalece a relação com o público.
Em um mercado global cada vez mais exigente, investir em um inventário de emissões é mais do que uma obrigação: é uma oportunidade para o setor de moda e têxtil se destacar, reduzir riscos e se posicionar como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono.
O futuro da moda é sustentável. Fale conosco e construa, hoje, a estratégia climática que vai posicionar sua marca na liderança da transição.
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Referências
European Environment Agency (2019) Textiles in Europe’s circular economy. [ONLINE] Available at: https://www.eea.europa.eu/themes/waste/resource-efficiency/textiles-in-europe-s-circular-economy.
Estratégias corporativas de baixo carbono: setor têxtil e de confecção / Confederação Nacional da Indústria – Brasília: CNI, 2015.
Sustainability and Circularity in the Textile Value Chain: A Global roadmap, UM environment programme, 2023.
MODA E CLIMA: um guia para elaboração de inventário de Gases de Efeito Estufa, ABIT, ABVTEX, SENAI CETIQT.