O ano de 2020 marcou um avanço significativo na agenda climática no Brasil. Esse movimento refletiu uma combinação de maior pressão regulatória, crescentes exigências de investidores e consumidores e o amadurecimento do ecossistema de sustentabilidade corporativa. Como resultado, vimos um número crescente de empresas publicando seus inventários de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Registro Público de Emissões — um passo importante rumo à gestão climática.
Mas surge a pergunta: e depois disso, o que vem?
Este artigo foi pensado para ajudar sua empresa a ir além do inventário — e transformá-lo em uma estratégia de valor. Aqui, vamos compartilhar:
- Lições práticas sobre o uso do GHG Protocol;
- Alertas sobre erros comuns que minam a credibilidade do inventário;
- Estratégias concretas para gerar valor competitivo a partir dos dados;
- Um guia para usar o inventário como alicerce de uma transformação climática real;
- E, claro, como a Future Climate pode ser sua parceira nessa jornada.
Não se trata de um guia técnico genérico. Este é um roteiro estratégico para quem quer ir além do inventário de emissões e transformar o perfil de emissões em ações de impacto positivo — para o planeta e para os negócios.
O que é o GHG Protocol?
O GHG Protocol vai muito além de uma metodologia técnica: ele é hoje a ferramenta mais utilizada mundialmente para contabilização e gestão de emissões, criando um padrão global de reporte. Dominar seus conceitos significa estar alinhado ao que é discutido atualmente na economia de baixo carbono e mudanças climáticas.
Os 5 princípios essenciais do GHG Protocol
- Relevância
O inventário precisa representar com precisão as emissões da empresa e atender às necessidades de quem vai usar essas informações. Isso inclui escolher limites de inventário que reflitam a realidade econômica, considerando estrutura organizacional, limites operacionais e contexto. - Integralidade
Todas as fontes e atividades de emissão dentro dos limites do inventário devem ser incluídas. Mesmo que algumas sejam apenas estimadas, seu impacto na qualidade do inventário precisa ser avaliado. - Consistência
A consistência ao longo do tempo permite analisar tendências e monitorar desempenho. Mudanças nos métodos ou dados devem sempre ser registradas e justificadas. - Transparência
Todas as informações, procedimentos, suposições e limitações precisam ser claros, bem documentados e auditáveis. Auditorias externas independentes são uma boa prática. - Exatidão
Os dados devem ser precisos, minimizando incertezas e evitando viés. Isso aumenta a credibilidade do inventário.
Por que ele importa?
O GHG Protocol é o padrão adotado por empresas, governos e instituições financeiras, base de políticas como o Acordo de Paris, e favorece a comparabilidade entre empresas e setores — essencial para a competitividade sustentável.
O que mudou a partir de 2020?
A sustentabilidade corporativa evoluiu rapidamente. Em 2020, o Brasil viu uma onda de organizações se comprometendo com a agenda climática, e o inventário de emissões se tornou símbolo desse compromisso.
Os destaques do cenário atual incluem:
- Aumento expressivo na adesão ao Programa Brasileiro GHG Protocol;
- Investidores com foco crescente em métricas ESG confiáveis;
- Reguladores e consumidores exigindo transparência climática;
- Pressão das cadeias globais por dados auditáveis de emissões.
Publicar o inventário mostra onde sua empresa está. Usar esses dados para agir mostra até onde ela pode chegar.
5 erros comuns no inventário de emissões (e como evitá-los)
Publicar um inventário é essencial — mas, se feito de forma errada, pode comprometer a credibilidade da empresa. Veja os principais deslizes e como evitá-los:
- Não envolver a liderança
Sem apoio da alta gestão, o inventário perde força estratégica. → Solução: Apresente os riscos e oportunidades climáticas em linguagem de negócio. - Dados desconectados da estratégia
Inventários feitos “à parte” geram ruído. → Solução: Integre áreas como planejamento, compras e operação, fortalecendo a cultura de sustentabilidade. - Falta de revisão crítica
Erros e inconsistências comprometem a credibilidade. → Solução: Realize auditorias internas ou externas, ou conte com consultoria especializada. - Tratar como obrigação
Ver o inventário apenas como “burocracia” enfraquece seu potencial. → Solução: Use-o como base para decisões de negócio e inovação. - Não comunicar os resultados
Inventários não divulgados não geram valor. → Solução: Crie narrativas e relatórios executivos para stakeholders.
Evitar esses erros transforma o inventário em uma ferramenta poderosa de gestão.
Como transformar o inventário em valor real
O inventário não é o fim — é o início de uma jornada estratégica. Veja o passo a passo:
- Identifique as principais fontes de emissão
Separe fontes fixas, móveis, fugas e emissões indiretas. Analise o que mais impacta seu perfil de carbono. - Defina metas climáticas
Estabeleça metas de redução realistas e mensuráveis, conectadas a KPIs corporativos. - Reavalie a cadeia de valor
Fornecedores com alta pegada de carbono podem comprometer suas metas. Priorize insumos de baixa pegada e engaje parceiros. - Engaje a equipe e crie governança climática
Implemente comitês, treinamentos e compartilhe indicadores e resultados. Estimule a inovação com foco em sustentabilidade. - Incorpore mudanças climáticas ao planejamento estratégico
Use o inventário para simulações e decisões de investimento. Integre sustentabilidade a novos produtos, mercados e processos.
→ Dica prática: Integre o inventário a ferramentas de BI e dashboards para decisões em tempo real.
Dados de mercado
O Brasil está avançando, e os números mostram:
- Crescimento de 60% na publicação de inventários entre 2020 e 2021;
- Indústria de transformação liderando em novas adesões;
- Agropecuária, serviços e comércio aumentando sua participação.
Se sua empresa quer transformar inventário em ação e gerar impacto real, a Future Climate pode ser sua parceira nessa jornada.